terça-feira, 17 de junho de 2014

Pelados

Nus e pelados, qual a diferença?
Pelado adj (particípio do verbo pelar): A que se tirou a pele ou o pelo, sem pelo; pobre, sem dinheiro.
Nu  adj (lat nudu): Despido; descoberto; desfolhado; desguarnecido; desarmado; sincero, não vestido.

Self Naked / Pelado
Costumo dizer que ficamos pelados em casa, no banho, no sexo, na sauna, às vezes em praias, outras em piscinas. Costumo dizer que meus amigos ficam pelados, meus parentes ficam pelados, os alunos ficam pelados, os professores também ficam pelados. Nós modelos vivos nunca ficamos pelados enquanto nos apresentamos. Ficamos nus.

“Estar pelado” é uma expressão que carrega pré-conceitos e significados que não correspondem com o ato de posar nu. Depois de muito tempo mal usada, a palavra pelado se tornou pejorativa e dá um contexto menor ao despir. Estar pelado é estar passivo, é estar sem algo, é estar numa posição erroneamente cheia de julgamentos e alvo de determinações de valor (menor, errado, vergonhoso, sexual, generalizado, descuidado, miserável, necessitado). Definitivamente a Arte não é feita com pessoas peladas, quando se observa o modelo.

Foto: Danton Nunes
Foto: Danton Nunes
Estar nu coincide com o ofício, pois nele nos descobrimos de padrões para propormos identificações reais, novas e humanas, para propormos questionamentos e ressignificações de tudo o que é hermético, fechado, vestido e padronizado.
Ficamos nus para que a observação recaia sobre o corpo e para que as infinitas consequências dela contaminem o espectador, sem a interferência das relações que a palavra “pelado” provoca.

Estar nu, enquanto Modelos Vivos, é ser ativo e propositor de mediações e alterações. É estar sempre com algo a ser dito, a ser mostrado através do corpo. É colocar-se não em uma, mas em infinitas posições de julgamentos, porém os julgamentos que se referem aos arbitramentos, às decisões, às opiniões, às apreciações e deliberações.

As determinações que acontecem, são na sua grande maioria de altíssimo valor cultural, artístico e estético, abrangentes, sempre respeitosas, plenas do erotismo e da paixão que a arte necessita, particulares e singulares, compostas por um cuidado quase obsessivo, repletas de riquezas intelectuais, visuais e cognitivas e sempre muito abastadas e recheadas de conteúdo. Para realizar a arte de ser um modelo nu observado, é necessário estar com todas as peles presentes, como disse uma amiga outro dia, “mais vivas e presentes do que nunca”, por isso, jamais pelados. Dúvidas? Revejam as imagens e encontrem as diferenças.

E você? Como fica? Nós Modelos Vivos ficamos NUS.

Foto: Danton Nunes

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